O Governo angolano (do MPLA há 48 anos) assinou hoje com a empresa chinesa CNEC o contrato de construção da Refinaria do Lobito, província de Benguela, com um valor global de investimento de seis mil milhões de dólares (5,7 mil milhões de euros).
A Sonangol, petrolífera estatal (do MPLA), assinou o contrato de Engenharia, Aprovisionamento e Construção com a empresa chinesa China National Chemical Engineering (CNCEC), o Contrato de Supervisão da Construção do Projecto com a empresa americana KBR, e o contrato de Serviços de Consultoria para Suporte Técnico com a empresa angolana DAR.
Com um valor inicial de 12 mil milhões de dólares (11,4 mil milhões de euros), o projecto teve uma redução de investimento de 50%, e deverá ser executado em 40 meses.
O projecto, cuja fase de preparação decorreu entre 2012 e 2016, e uma optimização no período entre 2018 e 2021, arranca ainda este ano… se assim for desejo do rei, general João Lourenço.
Em declarações à imprensa, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, disse que a Refinaria do Lobito, com uma capacidade de processamento de 200 mil barris diários, é um projecto estratégico para o país e para a região. Isto, é claro, sem esquecer que é um projecto muito mais do que estratégico para o próprio MPLA.
Apesar da conjuntura mundial, frisou o ministro, o Governo angolano está decidido a realizar o projecto, pela sua importância para a economia do país e para a diversificação económica, uma promessa “recente” do MPLA, já que a última diversificação da economia foi quando os portugueses administravam o reino.
Diamantino Azevedo destacou que foram revistos os estudos do ponto de vista técnico e económicos, conseguindo-se “uma redução significativa”. “Temos em princípio agora um custo estabelecido a rondar os seis mil milhões de dólares para a construção do projecto”, frisou.
Relativamente à participação da vizinha República da Zâmbia, que manifestou também interesse em participar neste projecto, o governante angolano avançou que continuam as discussões com o Governo zambiano “para ver se efectivamente a manifestação de interesse se concretiza”.
“Há também outros países da nossa região que estão a olhar para a possibilidade de poderem vir a ser accionistas desse projecto, vamos continuar a conversar com esses países e no devido momento poderemos dar mais informações”, anunciou o ministro.
Durante o acto de assinatura dos contratos, Diamantino de Azevedo orientou a Sonangol (de acordo com ordens superiores de João Lourenço) para iniciar de imediato um estudo de viabilidade para a construção de uma componente química, para aproveitamento dos subprodutos da refinaria.
“Os hidrocarbonetos (petróleo e gás) não servem só para combustível, hoje muitos produtos da nossa vida diária e de várias indústrias provêm dos hidrocarbonetos, e podemos aqui nesta refinaria estudar a possibilidade de um aproveitamento dos subprodutos dos derivados de petróleo, que surgirão no processo de refinação, para podermos construir uma indústria petroquímica”, salientou.
O ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás realçou que, tendo em conta que a empresa chinesa é também especializada na construção da indústria petroquímica, a Sonangol deverá aproveitar esta experiência, “para que se aprofunde estudos no sentido da viabilidade económica de se instalar também a componente petroquímica”.
Segundo o titular da pasta dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, a orientação foi pública para “engajar mais as duas empresas e para conhecimento de que se está a trabalhar neste sentido”.
Um projecto conjunto entre a Sonangol e uma empresa privada angolana, anunciou ainda Diamantino de Azevedo, está a ser realizado para a construção de uma fábrica de amónia, um dos componentes principais para os fertilizantes, e ureia no município do Soyo, província do Zaire, tendo como matéria-prima o gás.
Em complemento recorde-se que o chefe de Estado lembrou recentemente que dois grandes projectos estratégicos do sector dos petróleos “lamentavelmente, antes de 2017 foram simplesmente abandonados”, referindo-se ao Terminal Oceânico da Barra do Dande e à Refinaria do Lobito.
“Em boa hora tomámos a decisão de criar capacidade para refinar uma boa parte do crude que nós exploramos. Vai surgir a Refinaria de Cabinda, por coincidência também no final do próximo ano. Acredito que será em Dezembro do próximo ano”, indicou.
Às Refinarias de Cabinda e do Lobito vão também juntar-se a do Soyo, que “por razões de diversa ordem, não iniciou ainda os seus trabalhos de construção”, segundo João Lourenço, manifestando convicção que a obra deveria “a qualquer momento arrancar”.
A Gemcorp, África Finance Corporation (AFC) e o Afreximbank anunciaram no dia 13 de Julho deste ano a conclusão do pacote financeiro para a construção da Refinaria de Cabinda, com um financiamento no valor de 335 milhões de dólares (300 milhões de euros).
O projecto, no valor de 473 milhões de dólares (424 milhões de euros), é financiado em 138 milhões de dólares (123 milhões de euros) com recursos já disponibilizados pelos seus accionistas e em 335 milhões de dólares em formato de “Project financing” disponibilizado pelo sindicato liderado pela AFC.
Segundo o sindicato financiador, a linha de crédito então aprovada cobre a primeira fase de construção da Refinaria de Cabinda e vai permitir o processamento de 30 mil barris de petróleo bruto por dia.
A Refinaria de Cabinda, está a ser implementada pela Gemcorp Holdings Limited (GHL) em parceria com a estatal (MPLA) Sonangol, sendo que a segunda fase da refinaria deve elevar a capacidade de refinação para mais 30 mil barris/dia.
De acordo com o grupo que financia o projecto, após a conclusão da primeira fase, prevê-se que a refinaria forneça aproximadamente 10% dos derivados de petróleo refinado consumidos em Angola, aumentando para 20% depois de terminada a segunda fase.
“Durante a construção, a refinaria vai criar mais de 1.300 empregos directos e indirectos e até ao momento estão concluídas 300.000 horas de formação para a qualificação dos trabalhadores locais e 1.000.000 horas de trabalho efectivo, sem registo de acidentes”, refere-se num comunicado.
A Industrial Development Corporation (IDC) da África do Sul, o Arab Bank for the Economic Development in Africa (BADEA) e o Banco de Fomento Angola (BFA) fazem igualmente parte do consórcio que financia a construção da Refinaria de Cabinda.
Este investimento “assume um papel importante na segurança energética de Angola e na criação de oportunidades de emprego local, enquanto promove as capacidades tecnológicas do país”, salienta.
O CEO da Gemcorp, Atanas Bostandjiev, afirma que a sua empresa está “extremamente satisfeita com o investimento em curso na Refinaria de Cabinda, porque o projecto alavancará a utilização dos recursos naturais em benefício das comunidades”.
Para o CEO da AFC, Samaila Zubairu, a assinatura do contrato de financiamento “é por demais importante, por se tratar de um apoio directo a um projecto verdadeiramente inovador e com valor acrescentado para Angola”.
E o presidente do Conselho de Administração do Afreximbank, Benedict Oramah, manifestou-se “orgulhoso” por contribuir para a implementação de uma infra-estrutura “tão crucial para Angola e para toda a região”.
Folha 8 com Lusa
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